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Da negação da realidade ao desprezo pela vida

Da negação da realidade ao desprezo pela vida

Otavio Duarte”Nossa civilização tem muita influência do pensamento grego.Pela busca da racionalidade, acima dos m..

Pedro Ribeiro - sábado, 16 de janeiro de 2021 - 19:03

Otavio Duarte

“Nossa civilização tem muita influência do pensamento grego.

Pela busca da racionalidade, acima dos misticismos, que resultou na filosofia e na ciência, ainda que tardia.

E a ciência sempre teve resultados para demonstrar.

O computador, a tela dele e o que lá aparece são consequências da ciência.

A negação de evidências é contrária a ela.

Nosso presidente foi salvo pela ciência, pelos avanços da medicina, quando sofreu um ataque à faca.

Deve ter sido vacinado contra a varíola e a poliomielite quando criança, pois eram vacinas obrigatórias. Talvez contra outras doenças, como a febre amarela, pois foi militar, por um breve tempo, e viajou pelo país.

Também foi socorrido pela ciência quando acometido pelo conoravírus.

Ainda assim, a nega o tempo todo.

Disse que a pandemia era uma gripezinha.

Nenhuma atitude tomou contra ela e foi contra quem tomou.

Demitiu um ministro da saúde que se preocupava em prevenir a expansão da pandemia e outro, que não a negou.

No lugar dos médicos, colocou no Ministério da Saúde um general, com a função específica de cumprir ordens.

E a doença se espalhou pelo país.

Contra as vacinas, não procurou criar um programa que aproveitasse a grande experiência nacional em vacinações. Tentou boicotar a aliança do governador paulista com fabricante chinês na produção de vacina pelo Instituto Butantan.

Não encomendou a compra de vacinas pelos laboratórios internacionais, disputadas por muitos países. Não apoiou a produção de vacina pela Fiocruz, a qual nunca visitou, embora tentasse aproveitar esse resultado para minar a do adversário paulista.

Sempre apareceu em público sem máscara, não divulgou a necessidade de cuidados mínimos contra a disseminação do vírus e não tomou cuidados para prevenir a reincidência nos locais nos quais a doença matou milhares de brasileiros.

Agora, quando Manaus sofre nova e maior crise, vemos que não foram adotadas providências suficientes pelo governo federal para evitá-la e que as pessoas morrem por falta de equipamentos e produtos básicos, como cilindros de oxigênio.

Falta ar aos brasileiros.

Falta porque não temos um governo que se preocupe com isso.

Esse desprezo pela vida dos outros demonstrado o tempo todo pelo presidente Bolsonaro precisa ser analisado.

É uma doença? Uma psicopatia? Uma negação da realidade, um viver num outro mundo?

Parece que ele nutre um ódio profundo contra todos que são diferentes dele.

E é difícil parecer com ele.

Não é saudável.

Não é racional.

Não é bom para ninguém.”

Otavio Duarte é jornalista e escritor

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