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Alunos ficam 5h trancados em academia para tentar escapar de blitz do lockdown em Franca

Alunos ficam 5h trancados em academia para tentar escapar de blitz do lockdown em Franca

Às 16h desta quarta-feira (2), agentes da Patrulha Covid, criada pela Prefeitura de Franca (a 400 km de São Paulo) para ..

Marcelo Toledo - Folhapress - quinta-feira, 3 de junho de 2021 - 19:46

Às 16h desta quarta-feira (2), agentes da Patrulha Covid, criada pela Prefeitura de Franca (a 400 km de São Paulo) para fiscalizar o descumprimento das medidas restritivas na pandemia, chegaram a uma academia na avenida Champagnat, uma das principais da cidade, que funcionava de maneira irregular.

Os responsáveis, segundo a força-tarefa, fecharam as portas ao verem a chegada dos fiscais, que não só decidiram ficar no local à espera da saída dos alunos como chamaram reforços para a ação. Chegaram equipes da Polícia Militar, Vigilância Sanitária e Guarda Civil Municipal, que já representavam dez veículos nas horas seguintes. E nada de os alunos saírem da academia.

Houve inclusive trocas de turnos das equipes de fiscalização, feitas no próprio local, até que, cinco horas depois, os responsáveis e alunos, num total de 23 pessoas, começaram a deixar o imóvel, um a um, com os rostos cobertos. A saída ocorreu após a chegada de um advogado.

“Não digo a ação mais significativa porque todas refletem em algum impacto sanitário. Mas com certeza é a ação que mais demandou tempo, energia e recursos humanos durante este período de lockdown”, disse Mariela Toscano, responsável pelas Vigilância Sanitária e Ambiental da Secretaria da Saúde de Franca.

Segundo ela, as equipes têm recebido muitas denúncias diárias, inclusive no feriado desta quinta-feira (3), de tentativas de furar o lockdown decretado na cidade para tentar conter a disseminação do coronavírus. “Estamos com denúncias inclusive de indústrias calçadistas funcionando.”

A academia foi interditada pela Vigilância Sanitária e os alunos foram autuados por descumprirem as restrições decretadas pela prefeitura.

A reportagem procurou a academia por meio do contato divulgado por ela em redes sociais e a questionou sobre o ocorrido, mas não houve resposta.

As ações desenvolvidas pela Patrulha Covid, nome dado ao grupo criado pelo prefeito Alexandre Ferreira (MDB), são diárias e foram ampliadas desde a decretação do lockdown na cidade.

Fiscais já chegaram a ser recebidos em festas por uma pessoa com uma arma na mão, mas até então não tinham precisado esperar cinco horas para fazer uma autuação como na noite desta quarta-feira.

Além da interdição da academia, foram feitos no mesmo dia autos de infração a supermercados e uma barbearia e expedidas seis notificações, a comércio ambulante, supermercados (dois), farmácia, restaurante e quadra de basquete.

Outras 11 denúncias sem procedência foram checadas, em mercado, fábrica de calçados, supermercados e festas.

Nesta quarta, a cidade de 355 mil habitantes alcançou 696 óbitos na pandemia, com 30.522 casos confirmados da Covid-19, com aumento na procura de pacientes pelo pronto-socorro Álvaro Azzuz, que tem concentrado os atendimentos a casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 na rede municipal de saúde.

De acordo com o médico Rafael Talarico, diretor técnico da unidade, passaram pelo local 480 pessoas, 71 a mais que o total da véspera, e 57 pacientes com Covid aguardam no local a transferência para hospitais.

Desses, 31 são casos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), com 11 deles intubados, e 26 esperam por vagas em enfermarias.

O lockdown decretado em Franca vai vigorar até o dia 10 e fechou praticamente tudo na cidade, incluindo supermercados, farmácias, lojas e indústrias calçadistas.

A administração, porém, é alvo de uma série de ações judiciais para tentar reverter o fechamento. As indústrias de sapatos, por exemplo, entraram com uma ação para abrir as fábricas, mas a medida foi negada pela Justiça.

Na decisão, o juiz Aurélio Miguel Pena afirmou que “na ausência de vidas, não haverá consumo, e, sem consumo, não haverá produção”, ao indeferir o pedido de liminar do Sindifranca (Sindicato da Indústria de Calçados de Franca).

Curtumes chegaram a obter liminar, mas ela foi derrubada. Uma rede de supermercados conseguiu autorização judicial para abrir suas lojas.

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