Federal
Bolsonaro troca diretor-geral da Polícia Federal mais uma vez

Bolsonaro troca diretor-geral da Polícia Federal mais uma vez

Com a mudança publicada no Diário Oficial da União, é o quarto diretor-geral que assume a corporação e a quinta nomeação do presidente

Marianna Holanda - Folhapress - sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022 - 15:42

O governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) trocou, nesta sexta-feira (25), o diretor-geral da Polícia Federal.

Em edição extra do Diário Oficial da União, saiu a exoneração de Paulo Gustavo Maiurino e a nomeação de Márcio Nunes de Oliveira.

Nunes era, até então, secretário-executivo do Ministério da Justiça.

No Twitter, o ministro da Justiça, Anderson Torres, disse que Maiurino irá assumir o comando da Secretaria Nacional de Política sobre Drogas.

Com a mudança, é o quarto diretor-geral que assume a corporação e a quinta nomeação do presidente. Teve ainda um delegado que chegou a ser nomeado, mas não assumiu. Bolsonaro tentou colocar o aliado Alexandre Ramagem no cargo, mas foi impedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Neste mês de fevereiro de 2022, uma decisão de Maiurino de rebater declarações do ex-ministro e presidenciável Sergio Moro (Podemos) empurrou a instituição para dentro do debate eleitoral.

Torres não explicou a razão da mudança no comando do órgão.

“Ao Dr. Maiurino, meu reconhecimento pelo trabalho diário de reforçar o papel da PF como instituição autônoma sim, mas com respeito a preceitos fundamentais da corporação, como hierarquia e disciplina”, escreveu o ministro nas redes sociais.
“Sua experiência profissional será fundamental à frente da Senad”, afirmou ainda.

O comando da PF é tido como cargo estratégico por Bolsonaro por diversas apurações e manifestações do órgão.

Por meio de nota divulgada neste mês, a PF acusou Moro de mentir nas declarações que tem feito sobre o trabalho que o órgão desempenha nos últimos meses.

A PF atacou também o ex-juiz por sua atuação na passagem no Ministério da Justiça, do qual a polícia é subordinada.

Segundo o texto da Polícia Federal, Moro desconhece a corporação e não se envolveu quando teve oportunidade, ficando fora de todos os debates que tratavam de interesses dos servidores.

A nota provocou polêmica dentro e fora da corporação. Moro deixou o ministério em abril de 2020 ao acusar Jair Bolsonaro de inferência na PF e hoje se apresenta como pré-candidato à sucessão do presidente.

A saída de Maurício Valeixo do comando da PF foi estopim para empurrar o ex-juiz da Lava Jato para fora do governo Bolsonaro.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, a cúpula da PF vinha desde o ano passado sustentando internamente um discurso de preocupação com eventual exploração da atuação do órgão durante a campanha eleitoral.

Bolsonaro já demonstrou incômodo com a atuação da PF em algumas ocasiões, como por duas investigações que concluíram que Adélio Bispo agiu sozinho no atentado contra o presidente.

No fim de janeiro, o órgão também disse ter visto crime de Bolsonaro na atuação do presidente atuação no vazamento de dados sigilosos de investigação de suposto ataque ao sistema do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Compartilhe