Leilão do pedágio no Paraná deverá ser decepcionante e não ter concorrentes
O quadro é sombrio e o Paraná poderá ter sua concessão rodoviária frustrada e sua malha rodoviária ainda mais desgastada e perigosa
Por mais que tenha sido debatido entre os governos federal e estadual, além das centenas de discussões com a sociedade civil, o pedágio no Paraná continua sendo um bicho de sete cabeças e uma grande incógnita. Impotência e frustração para empresários que pretendiam participar dos leilões dos lotes 1 e 2 da nova concessão.
Brotado nos corredores de Brasília e nos cantos escuros do Palácio Iguaçu, a concessão rodoviária no Paraná, cujos lotes – 1 e 2 – têm leilões programados para o final deste mês de agosto e início de setembro, corre o risco de não ter empresas participantes e desandar ainda mais a velha e desgastada malha viária paranaense.
O quadro é sombrio, principalmente quando se trata da exigência de R$ 861 milhões de Patrimônio Líquido (PL) – somente no Lote 2 – para empresas participantes, o que pode inviabilizar o negócio, mesmo montando consórcios, comenta um empresário que pretendia participar do leilão e hoje já considera um risco muito alto.
A exigência de um Patrimônio Líquido dessa magnitude, provavelmente só permitirá a participação de grandes grupos econômicos (leia-se grandes empreiteiras), eliminando que empresas de médio porte possam se candidatar ao certame.
É preciso lembrar que, mesmo não implicadas na Lava Jato, as empresas paranaenses, quase todas de médio porte, tiveram grandes dificuldades nestes últimos anos. Provavelmente teremos apenas a participação de empresas nacionais de grande porte e grupos internacionais interessados no pedágio paranaense.
Com o lavajatismo que caiu como uma guilhotina na cabeça de muitas empresas que sequer tinham problemas judiciais, mas foram “escolhidas” no processo de disseminação do ódio, houve uma grande descapitalização patrimonial, o que as impedem de participar deste processo de concessão rodoviária.
NOVA CONCESSÃO DAS RODOVIAS: LOTE 01
- Prazo: 30 anos
- Extensão: 473,01 km
- Tráfego: VEQdiário: 5,8 mil (média)
- Investimento previsto (Capex): R$ 7,9 bi
- Custos operacionais previstos (Opex): R$ 5,2 bi
- Taxa Interna de Retorno (TIR): 8,47%
- Tarifa/100km: pista simples: R$10,67/km | pista dupla: R$14,94/km (data base: out/21)
O lote terá cinco praças de pedágio: São Luiz do Purunã (BR-277), Lapa (BR-476), Porto Amazonas (BR-277), Imbituva (BR-373) e Irati (BR-277).
Segundo o Governo do Paraná, “entre as obras incluídas no pacote deste trecho, está a duplicação completa de um trecho de aproximadamente 157 quilômetros da BR-277 entre São Luiz do Purunã e o Trevo do Relógio, que fica Prudentópolis; duplicação da BR-373 entre Ponta Grossa e o Trevo do Relógio; duplicação da Rodovia do Xisto entre Araucária e a Lapa; duplicação da PR-423 entre Araucária e Campo Largo; duplicação do Contorno Norte de Curitiba; e faixas adicionais na BR-277 entre Curitiba e Sprea (entroncamento da BR-277 com a BR-376), além de faixas adicionais e vias marginais no Contorno Sul de Curitiba”.
NOVA CONCESSÃO DAS RODOVIAS: LOTE 02
- Prazo: 30 anos
- Extensão: 604,16 km
- Tráfego: VEQdiário: 5,8 mil (média)
- Investimento previsto (Capex): R$ 10,8 bi
- Custos operacionais previstos (Opex): R$ 6,5 bi
- Taxa Interna de Retorno (TIR): 8,47%
- Tarifa: pista simples: R$11,92/km | pista dupla: R$16,69/km (data base: out/21)
O Lote 2 terá sete praças de pedágio: São José dos Pinhais (BR-277), Carambeí (PR-151), Jaguariaíva (PR-151), Sengés (PR-151), Quatiguá (PR-092) e duas em Jacarezinho (BR-153 e BR-369).
Segundo o Governo do Paraná, “entre as principais obras estão faixas adicionais na BR-277 entre Curitiba e Paranaguá; correção de traçado do km 40 ao km 43 da BR-277; duplicação da BR-277 entre o viaduto da Avenida Ayrton Senna e a ponte sobre o Rio Emboguaçu; e duplicação da PR-407 entre Paranaguá e Pontal do Paraná”.
PREVISÃO DO LEILÃO
LOTE 01
- Leilão do projeto: 25/08/2023
- Assinatura do contrato: 29/12/2023
LOTE 02
- Leilão do projeto: 29/09/2023
- Assinatura do contrato: 26/01/2024
Os leilões serão na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo.