Coquetel de remédios contra coronavírus oferece riscos, alertam especialistas
Esquemas de tratamento com medicamentos que supostamente serviriam para combater o coronavírus têm sido divulgados, pela..
Esquemas de tratamento com medicamentos que supostamente serviriam para combater o coronavírus têm sido divulgados, pela internet, por pessoas que não atuam na área da saúde. No entanto, o coquetel de remédios oferece riscos à saúde. Especialistas alertam que, nos casos mais graves, o uso sem prescrição de medicamentos pode levar à morte.
A divulgação de remédios que, supostamente, poderiam tratar pacientes com Covid-19, geralmente é parte da construção de uma narrativa conspiratória que liga a pandemia a questões políticas. Os textos e vídeos compartilhados nas redes sociais, em regra geral, são acompanhados de críticas à OMS (Organização Mundial da Saúde) e líderes mundiais.
No entanto, é consenso entre profissionais da saúde que remédios só devem ser consumidos com a devida indicação e acompanhamento.
“A pessoa que está indicando provavelmente não reconhece os riscos de reações adversas, que podem ser graves. É o caso da cloroquina e da hidroxicloroquina, por exemplo, que podem afetar os batimentos cardíacos”, explica o farmacêutico Jackson Rapkiewicz.
CORONAVÍRUS: MEDO AUMENTA VENDA DE REMÉDIOS
Com a chegada da pandemia do coronavírus ao Brasil, a venda de alguns medicamentos disparou. Um levantamento dos conselhos regionais de farmácia aponta um crescimento de 67,93% na venda de hidroxicloroquina sulfato no primeiro trimestre. Foram 388.829 unidades vendidas nos três primeiros meses do ano, contra 231.546 no mesmo período de 2019.
O maior crescimento foi visto na venda do ácido ascórbico (vitamina C). A crença de que a vitamina pode prevenir problemas respiratórios fez alavancar as vendas em 180% no primeiro trimestre. No entanto, o consumo sem acompanhamento médico também é perigoso. Pode levar, por exemplo, a diarreias, cólicas, dor abdominal e dor de cabeça.
“Além disso, é preciso reconhecer o risco de interferência entre as substâncias. A associação dos princípios ativos precisa ser observada. Há medicamentos que não podem ser usados por grávidas, outros que devem ser evitados por pessoas com problemas cardíacos”, pontua Jackson Rapkiewicz, que é gerente técnico-científico do Conselho Regional de Farmácia do Paraná.
Medo do coronavírus a levou ao aumento do uso de medicamentos. De acordo com o levantamento, Vitamina C é a campeã de vendas (Reprodução/CRF-PR)
USO RACIONAL DO REMÉDIO
O dia do uso racional do remédio é celebrado hoje (5). Em meio a uma das maiores pandemias da história, uma campanha dos conselhos regionais de farmácia, a partir desta terça-feira, reforça a orientação de que medicamentos só devem ser ingeridos sob prescrição.
Conforme o CRF, as fake news elevaram o índice de uso irresponsável de remédios durante a pandemia. No entanto, reforça que a automedicação é um hábito a ser combatido continuamento no Brasil.
Em 2019, uma pequisa do Instituto Datafolha, a pedido do Conselho Federal de Farmácia, apontou que 77% dos brasileiros fez uso de remédios sem indicação nos seis meses anteriores à sondagem.